FMI expõe políticas para a recuperação económica num contexto de elevada incerteza
12 de abril de 2019
- A recuperação económica da África Subsariana continua, mas observam-se diferenças consideráveis entre as perspetivas de crescimento de cada país.
- O ambiente externo mais brando e a necessidade de conter as vulnerabilidades ligadas à dívida tornam mais complexo o desafio de financiar o desenvolvimento e o investimento.
- O foco das políticas deve incidir sobre a mobilização de receitas internas, o fomento à integração comercial, a facilitação do investimento, o aumento da produtividade e o reforço da resistência a choques.
A recuperação económica da África Subsariana deve prosseguir, e espera-se que o crescimento aumente de 3,0 por cento em 2018 para 3,5 por cento em 2019. Contudo, o crescimento do conjunto da região oculta grandes diferenças nas perspetivas de cada país, como relata o FMI na mais recente edição do relatório Perspetivas Económicas Regionais para a África Subsariana. Em cerca de 21 países, que representam sobretudo as economias mais diversificadas da região, o crescimento deve ser superior a 5 por cento e, a médio prazo, o rendimento per capita deve subir mais rapidamente do que no resto do mundo. Nos demais países, porém, especialmente aqueles mais dependentes dos recursos naturais, o que inclui os de maiores dimensões (África do Sul e Nigéria), a melhoria dos padrões de vida deve ser mais lenta.
“Ventos contrários externos e internos deprimem as perspetivas de crescimento”, afirmou Abebe Aemro Selassie, Diretor do Departamento de África do FMI. “A expansão mundial está a perder impulso, inclusive nos principais parceiros comerciais, como a China e a área do euro; estimamos que as tensões comerciais persistam, em meio à volatilidade das condições financeiras mundiais e dos preços das matérias-primas. As vulnerabilidades ligadas à dívida pública continuam altas em alguns países, e o crédito malparado ainda é elevado, em parte devido ao grande volume de atrasados internos do setor público.”
Selassie realçou duas implicações gerais para as políticas. Para as economias de crescimento rápido, como o Benim, a Etiópia e o Senegal, existe a necessidade de transferir as rédeas do crescimento do setor público para o setor privado. Em muitos desses países, o investimento público ajudou a estimular o crescimento elevado, que foi acompanhado por um aumento constante dos níveis da dívida pública.
Nos países mais dependentes dos recursos naturais e nas economias de crescimento mais lento – como África do Sul, Angola e Nigéria – urge prosseguir com as políticas tão necessárias para se ajustar à descida dos preços das matérias-primas e facilitar a diversificação económica. É preciso também abordar prontamente as incertezas de política que estão a limitar o crescimento.
No seu conjunto, os países da África Subsariana precisam buscar um equilíbrio delicado de políticas para conter os níveis da dívida pública, investir em capital humano e físico e mobilizar receitas.
Tal exige medidas urgentes na frente orçamental para melhorar a arrecadação de receitas fiscais, a gestão financeira pública e a eficiência da despesa, bem como na frente comercial para reduzir as barreiras não tarifárias e aprofundar a integração comercial (inclusive no contexto da Zona de Comércio Livre Continental Africana, ZCLCA).
São também necessárias reformas para facilitar o aumento do investimento privado, elevar a produtividade – através de medidas para promover a diversificação e a competitividade das exportações –, e fortalecer a resistência a choques climáticos. Os efeitos devastadores do ciclone Idai – que destruiu infraestruturas físicas e terras agrícolas e trouxe enorme sofrimento às 2,6 milhões de pessoas afetadas no sul da África – salienta a vulnerabilidade da região a catástrofes relacionadas com o clima.
Departamento de Comunicação do FMI
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