FMI chega a um acordo de nível técnico com São Tomé e Príncipe para um acordo ao abrigo da Facilidade de Crédito Alargado

21 de outubro de 2024

Os comunicados de imprensa no fim das missões incluem declarações das equipas do FMI que divulgam conclusões preliminares após uma visita a um país. As perspetivas expressas na presente declaração são inteira e exclusivamente do pessoal do FMI e não representam necessariamente as perspetivas do seu Conselho de Administração. Com base nas conclusões preliminares desta missão será elaborado um relatório pelo corpo técnico que, sujeito à aprovação da administração, será apresentado ao Conselho de Administração do FMI para discussão e decisão.
  • O corpo técnico do FMI e as autoridades de São Tomé e Príncipe chegaram a um acordo de nível técnico sobre as políticas económicas e reformas que deverão ser apoiadas por um novo acordo de 40 meses ao abrigo da Facilidade de Crédito Alargado (ECF, na sigla em inglês), que atualiza o acordo alcançado o ano passado. Este renovado acordo ao nível técnico está sujeito à aprovação da administração do FMI e à apreciação do Conselho de Administração do FMI, depende da implementação das ações prévias acordadas e da confirmação atempada das necessárias garantias de financiamento por parte dos parceiros de desenvolvimento do país.
  • O ambicioso programa de reformas das autoridades tem como objetivo restabelecer a estabilidade macroeconómica, lançando, ao mesmo tempo, as bases para um crescimento mais rápido e mais inclusivo. Tal contempla um ajustamento orçamental significativo e concentrado na fase inicial, garantindo, ao mesmo tempo, a proteção das pessoas vulneráveis. O programa inclui reformas decisivas no curto prazo no setor da eletricidade e reformas estruturais no médio prazo para facilitar a transição energética verde e despoletar o potencial de crescimento do país.

Washington, DC: Uma equipa do Fundo Monetário Internacional (FMI) liderada por Slavi Slavov, chefe de missão para São Tomé e Príncipe, visitou São Tomé durante 23 de maio e 5 de junho de 2024 e teve reuniões virtuais nos últimos meses para discutir com as autoridades de São Tomé e Príncipe o apoio do FMI às suas políticas e planos de reformas.

Na conclusão da missão, Slavi Slavov emitiu a seguinte declaração:

“As autoridades de São Tomé e Príncipe e a equipa do FMI chegaram a um renovado acordo de nível técnico para apoiar o ajustamento económico e as políticas de reforma das autoridades com um novo programa de 40 meses apoiado por um acordo ao abrigo da Facilidade de Crédito Alargado (ECF, na sigla em inglês). O acordo está sujeito à aprovação da administração e do Conselho de Administração do FMI nos próximos tempos e depende da implementação das ações prévias por parte das autoridades e da confirmação atempada das necessárias garantias de financiamento por parte dos parceiros de desenvolvimento do país para suprir o défice de financiamento externo.

São Tomé e Príncipe enfrentou um ano de 2023 muito difícil e continua a debater-se com elevadas necessidades de importação de combustível e reservas internacionais delapidadas. Ao longo dos últimos anos, o país foi atingido por vários choques, cujo impacto na economia ainda se faz sentir. Aqui inclui-se o enorme choque externo no início de 2023 quando um importante exportador de combustível deixou de fornecer combustível a crédito gerando um enorme défice de financiamento externo.

Estes fatores, juntamente com falhas de energia, contribuíram para um abrandamento do crescimento do PIB real para 0,2% em 2022 e 0,4% em 2023. A inflação acelerou para 19,2% em abril de 2024 antes de recuar para 12% em agosto, em termos homólogos. As reservas internacionais registaram uma queda acentuada.

O programa das autoridades visa restabelecer a estabilidade macroeconómica, melhorar as condições de vida da população, fomentar a recuperação económica e promover a sustentabilidade e o crescimento inclusivo. O ajustamento orçamental necessariamente ambicioso e concentrado na fase inicial é crucial para reduzir a elevada dívida pública e reequilibrar a economia ao abrigo de um regime de paridade cambial, mas foi cuidadosamente concebido para proteger as pessoas vulneráveis.

As autoridades já empreenderam reformas significativas. Introduziram o imposto sobre o valor acrescentado em junho de 2023 e levaram a cabo um grande ajustamento orçamental em 2023. Os preços dos combustíveis foram atualizados e os subsídios explícitos aos combustíveis foram eliminados na globalidade. O Banco Central de São Tomé e Príncipe (BCSTP) colocou um ponto final no financiamento monetário do orçamento e implementou medidas restritivas. 

As autoridades envidarão mais esforços para reforçar a administração fiscal e aduaneira e racionalizar as despesas orçamentais. Estes esforços irão criar o espaço orçamental para a implementação de programas de desenvolvimento geradores de crescimento que contribuirão para colocar a dívida pública numa trajetória descendente. Além disso, as autoridades irão reforçar as redes de proteção social e intensificar o programa em vigor de transferências monetárias para as famílias vulneráveis. Tendo em conta o elevado nível da dívida pública do país, será vital assegurar que o novo financiamento assume a forma de empréstimos altamente concessionais ou, idealmente, donativos a fim de garantir a sustentabilidade e também satisfazer as necessidades de despesas essenciais.

Além disso, o programa irá implementar com urgência reformas no curto prazo para resolver a crise no setor da eletricidade. Tal irá aliviar as pressões sobre a dívida pública e as reservas cambiais. Para impedir os subsídios implícitos aos combustíveis e conter os riscos orçamentais, as autoridades irão aplicar o mecanismo de ajustamento automático dos preços dos combustíveis de forma efetivamente automática e numa base mensal. O governo irá reforçar a transparência e endereçar as fragilidades em matéria de governação a fim de reduzir as vulnerabilidades à corrupção. Por fim, as autoridades irão proceder ao reforço do BCSTP, assegurando a sua autonomia e mecanismos de governação adequados.

A médio prazo, as reformas estruturais irão despoletar o potencial de crescimento do país. Entre estas incluem-se a estratégia de reforma do setor energético centrada na transição para fontes renováveis, o incentivo à produção de bens alimentares nacionais, a promoção do setor do turismo, a adaptação às alterações climáticas e o empoderamento das mulheres.

Durante a visita e subsequentes reuniões virtuais, a equipa da missão reuniu com o Presidente Carlos Vila Nova, o Primeiro-ministro Patrice Émery Trovoada, o Ministro do Planeamento e Finanças Ginésio Valentim Afonso da Mata, o Ministro da Economia Disney Leite Ramos, o Governador do Banco Central Américo D’Oliveira dos Ramos, o Presidente do Tribunal de Contas Ricardino Costa Alegre, assim como com outros quadros do governo, representantes do setor privado, incluindo bancos, e parceiros de desenvolvimento. A equipa da missão expressa o seu profundo apreço às autoridades pela cooperação e pelo construtivo diálogo político.”

Departamento de Comunicação do FMI
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