Corpo técnico do FMI conclui visita de 2024 nos termos do Artigo IV ao Brasil
28 de maio de 2024
Os comunicados de imprensa de fim de missão incluem declarações das equipes técnicas do FMI que dão informação sobre as constatações preliminares após uma visita a um país. As opiniões aqui expressas são as do corpo técnico do FMI e não representam necessariamente as opiniões da Diretoria Executiva da instituição. Com base nas constatações preliminares desta missão, o corpo técnico elaborará um relatório que, sujeito à aprovação da direção, será apresentado à Diretoria Executiva do FMI para discussão e decisão.
- Manifestamos nossos mais sinceros sentimentos ao povo brasileiro pelas vidas perdidas e pelos danos generalizados causados pela tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul.
- Nos últimos dois anos, a economia brasileira demonstrou notável resiliência, com a inflação recuando para o intervalo da meta. O corpo técnico do FMI prevê que o crescimento modere no curto prazo, antes de se fortalecer e alcançar 2,5% no médio prazo - uma correção para cima, frente aos 2,0% projetados na ocasião das consultas de 2023 ao abrigo do Artigo IV.
- O ritmo cuidadoso de relaxamento da política monetária tem sido adequado e compatível com o sistema de metas de inflação. Com a inflação em queda e a perspectiva de que permaneça dentro do intervalo de tolerância, manter a flexibilidade quanto ao ritmo e à duração do ciclo de redução dos juros é prudente, tendo em vista o mercado de trabalho apertado e as expectativas de inflação acima da meta.
- Louvamos o compromisso das autoridades de continuar a melhorar a posição fiscal do Brasil. Eliminar renúncias tributarias ineficientes, ampliar a base tributária e enfrentar a rigidez dos gastos abririam espaço para políticas prioritárias e para responder a choques e, ao mesmo tempo, apoiar a sustentabilidade da dívida pública.
- As autoridades avançaram em sua ambiciosa agenda de crescimento sustentável e inclusivo. Espera-se que a implementação da histórica reforma do IVA fortaleça a produtividade, crie empregos formais e melhore a equidade.
Washington, DC: Uma equipe do Fundo Monetário Internacional (FMI), liderada por Ana Corbacho e Daniel Leigh, manteve discussões, no âmbito das consultas de 2024 ao abrigo do Artigo IV, com as autoridades brasileiras e com outras partes interessadas, durante o período de 15 a 27 de maio de 2024. No fim da visita, a Sra. Corbacho e o Sr. Leigh emitiram a seguinte declaração:
“A economia brasileira tem mostrado uma resiliência notável com a queda da inflação nos últimos dois anos. As projeções indicam uma moderação do crescimento para 2,1% em 2024 e 2,4% em 2025, frente a 2,9% em 2023. A inflação deve chegar a 3,7%, no fim de 2024, e convergir para a meta de 3% na primeira metade de 2026. O déficit em conta corrente diminuiu em 2023, graças ao forte superávit comercial e foi financiado pelo IED robusto.
No médio prazo, a previsão é que o crescimento se fortaleça e chegue a 2,5% - uma correção de 0,5 ponto percentual para cima em comparação com a estimativa indicada no Relatório do corpo técnico do FMI sobre as consultas de 2023 ao abrigo do Artigo IV. Isso reflete a implementação da reforma do IVA, que aumentará a eficiência, e o aumento da produção de hidrocarbonetos. Investir em oportunidades de crescimento verde poderia aumentar ainda mais o potencial econômico.
Os riscos para as perspectivas de crescimento melhoraram desde as consultas de 2023 ao abrigo do Artigo IV. Contudo, as estimativas dos efeitos macroeconômicos e fiscais adversos da calamidade das enchentes no Rio Grande do Sul ainda são incertas. Um sistema financeiro sólido, reservas cambiais suficientes, a baixa dependência de endividamento em moeda estrangeira, as grandes reservas de caixa do governo e a taxa de câmbio flexível continuam a respaldar a resiliência do Brasil.
O ritmo cuidadoso do relaxamento da política monetária, desde agosto de 2023, tem sido adequado e compatível com o sistema de metas de inflação. Com vistas ao futuro, dadas as fortes condições do mercado de trabalho e as expectativas de inflação acima da meta de 3%, é prudente manter a flexibilidade do ciclo de redução dos juros.
Os bancos estão bastante líquidos e suficientemente capitalizados, o sistema financeiro mantém sua resiliência e os riscos sistêmicos estão contidos. As medidas para lidar com o ônus da dívida das famílias e reduzir o custo do crédito são bem-vindas. A concessão de empréstimos por bancos públicos a setores específicos pode se justificar na presença de falhas de mercado bem estabelecidas, desde que as distorções no mercado de crédito privado sejam minimizadas.
A agenda de inovação financeira do Banco Central do Brasil (BCB) promoveu a inclusão financeira, a eficiência e a concorrência. A adoção do Pix, o sistema de pagamento instantâneo, continua a se expandir, fazendo do Brasil um líder mundial em transações per capita. O BCB também está na vanguarda das moedas digitais dos bancos centrais, com sua iniciativa emblemática Drex, enquanto procura resolver desafios em termos de privacidade e segurança.
O empenho contínuo das autoridades para melhorar a posição fiscal do Brasil é bem-vindo. Para posicionar a dívida pública em uma trajetória firmemente descendente e abrir espaço para investimentos prioritários, o corpo técnico do FMI recomenda um esforço fiscal sustentado e mais ambicioso, apoiado por medidas que visem tanto a receita como a despesa e um marco fiscal reforçado, em linha com as recomendações feitas na Consulta de Artigo IV de 2023. Espera-se que a implementação da histórica reforma do IVA eleve consideravelmente a produtividade, apoie a geração de empregos formais e melhore a equidade do sistema tributário.
As autoridades avançaram em sua ambiciosa agenda de crescimento sustentável e inclusivo. A implementação do Plano de Transformação Ecológica está acelerando, com o compromisso do governo de acabar com o desmatamento ilegal, até 2030; progresso importante em estabelecer a Taxonomia Sustentável Brasileira; uma nova estrutura para o mercado de carbono e a emissão do primeiro título público sustentável global ESG. Em vista dos consideráveis déficits de financiamento climático, louvamos o progresso na criação de instrumentos para atrair financiamento verde de longo prazo.
A equipe gostaria de agradecer às autoridades e aos representantes do setor privado o apoio, a hospitalidade e o diálogo construtivo.”
Departamento de Comunicação do FMI
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