FMI chega a acordo com a Guiné-Bissau, ao nível do corpo técnico, sobre um mecanismo de Facilidade de Crédito Alargada

21 de novembro de 2022

Os comunicados de imprensa emitidos no final das missões transmitem declarações de equipas do corpo técnico do FMI e contêm as conclusões preliminares destas após a visita a um país. As opiniões expressas nesta declaração são as do corpo técnico do FMI e não representam necessariamente os pontos de vista do seu Conselho de Administração. Com base nas conclusões preliminares desta missão, o corpo técnico preparará um relatório que, sujeito à aprovação da direção, será apresentado ao Conselho de Administração do FMI para apreciação e decisão.


  • O corpo técnico do FMI e as autoridades da Guiné-Bissau chegaram a acordo, ao nível do corpo técnico, para apoiar as políticas económicas da Guiné-Bissau mediante uma Facilidade de Crédito Alargada (FCA) de 36 meses, no montante de DES 28,4 milhões (US$ 36,3 milhões).
  • Os objectivos do novo programa da Guiné-Bissau, apoiado pelo Fundo, são assegurar a sustentabilidade da dívida, apoiando a recuperação económica e criando espaço orçamental para apoiar um crescimento sustentável e inclusivo.
  • Continua a ser essencial uma gestão orçamental robusta e transparente para reforçar a sustentabilidade macroeconómica e da dívida. O programa de reformas estruturais focar-se-á na melhoria da governação pública e na estabilidade e aprofundamento financeiros.

Bissau: Uma missão do corpo técnico do FMI, liderada por Jose Gijon, Chefe de Missão para a Guiné-Bissau, reuniu virtualmente com as autoridades, entre 8 e 11 de Novembro de 2022, e em Bissau, entre 15 e 21 de Novembro de 2022, para negociar um programa de trinta e seis meses no âmbito de um mecanismo de Facilidade de Crédito Alargada (FCA). Chegou-se a um acordo, ao nível do corpo técnico, sujeito à aprovação da direção do FMI e à apreciação pelo seu Conselho de Administração.

Os debates abrangeram o impacto da guerra na Ucrânia na recente evolução económica e orçamental, as perspectivas a curto e médio prazo para a Guiné-Bissau e a implementação de políticas e reformas de apoio à governação pública e a um crescimento mais inclusivo.

No final da missão, Jose Gijon proferiu as seguintes declarações:

“O corpo técnico do FMI chegou a acordo com as autoridades da Guiné-Bissau sobre um programa a médio prazo a apoiar por recursos do FMI de cerca de DES 28,4 milhões (cerca de US$ 36,3 milhões), ao abrigo da FCA.

A economia da Guiné-Bissau está a recuperar gradualmente dos efeitos da pandemia de COVID-19, embora as repercussões da guerra na Ucrânia estejam a atrasar a recuperação. Prevê-se uma moderação do crescimento para cerca de 3½% em 2022 e que a inflação média fique acima dos 7%, à luz do impacto potencial dos crescentes preços do petróleo e bens alimentares que afectará negativamente os mais vulneráveis. Apesar da melhoria na mobilização de recursos em 2021, a ultrapassagem da despesa em 2022, especificamente na massa salarial, constrangeu o ritmo esperado de consolidação orçamental, trazendo o défice orçamental geral anual para 5% do PIB este ano. Continua a registar-se um alto risco de sobreendividamento na dívida pública, a mais de 80% do PIB.

A estratégia a médio prazo das autoridades centra-se em assegurar a sustentabilidade da dívida, apoiando a recuperação económica e criando espaço orçamental para apoiar um crescimento sustentável e inclusivo, com base nas suas prioridades-chave e considerando as significativas vulnerabilidades nacionais.

Carece-se de uma gestão orçamental sustentável para criar espaço orçamental para o muito necessário investimento em desenvolvimento social (saúde, educação) e em infraestrutura, preservando a sustentabilidade orçamental e da dívida, o que implica mobilizar mais receita interna, mediante uma estratégia de receita credível e abrangente e melhorando a qualidade e eficiência da despesa. Esta estratégia apela a uma melhor coordenação entre e dentro dos Ministérios e agências públicas, bem assim como a uma atenuação dos grandes riscos orçamentais provenientes das empresas públicas,

O programa a médio prazo das autoridades tem também por objectivo a prossecução do seu programa de reformas estruturais, incluindo potenciar as condições para mais diversificação económica, criação de emprego e inclusão financeira. Prevê-se que a FCA ajude a catalisar maior apoio financeiro dos parceiros de desenvolvimento, estimule o investimento do sector privado e aumente o potencial de crescimento da economia, sendo uma estratégia coerente para enfrentar as vulnerabilidades da governação a chave do reforço da política económica e confiança empresarial. Serão reformas críticas da governação o estabelecimento de uma Conta Única do Tesouro, assim como a revisão do quadro da contratação pública, para assegurar a plena transparência dos contratos públicos adjudicados e ainda a execução da revisão do regime de declaração de bens, uma vez aprovada pela ANP.

A equipa agradece às autoridades pela sua abertura e construtivas trocas de impressões, confiando numa continuada e estreita cooperação durante os próximos 3 anos do mecanismo de Facilidade de Crédito Alargada (FCA).

A equipa do FMI foi recebida por S. Exas. o Presidente da República Sissoco Embaló, Primeiro-Ministro Nuno Nabiam, Presidente da ANP Cipriano Cassamá e membros da sua Comissão Permanente, Vice-Primeiro Ministro Soares Sambú, Ministro das Finanças Ilídio Té, Ministro da Economia Varela Casimiro, Ministro da Administração Pública, Trabalho, Emprego e Segurança Social Cirilo Djaló, Ministro das Pescas Orlando Mendes Viegas, Directora Nacional do BCEAO Zenaida Cassamá e pelo Presidente do Tribunal de Contas Amadu Baldé. A equipa reuniu ainda, entre outros, com altos funcionários dos Ministérios das Finanças e da Economia, Direcção Nacional do BCEAO, Instituto Nacional de Estatística, CENTIF e autoridades de contratação pública bem assim como com sindicatos, uma organização da sociedade civil, representantes de empresas dos sectores público e privado e parceiros-chave, bilaterais e internacionais. O corpo técnico visitou também o Porto de Bissau e a Escola Secundária Kwame N´Krumah.

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A Guiné-Bissau e o FMI

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