Conselho de Administração do FMI conclui a terceira avaliação ao abrigo do Instrumento de Coordenação de Políticas para Cabo Verde
26 de março de 2021
- A Covid-19 está a ter um impacto económico significativo, com uma contração do produto estimada em 14% em 2020, e efeitos persistentes em 2021. A resolução da crise sanitária, portanto, continuará a ser uma prioridade, enquanto as acções de política também terão como objetivo apoiar a recuperação projetada.
- A execução do orçamento de 2021 procurará encontrar um equilíbrio entre acautelar necessidades prementes em matéria de saúde e desenvolvimento e dar apoio à sustentabilidade da dívida a médio prazo, uma vez que Cabo Verde continua a apresentar um risco elevado de sobre-endividamento.
- O Instrumento de Coordenação de Políticas (PCI, na sigla em inglês) de Cabo Verde chegará ao seu termo em breve, com importantes ganhos para a vasta agenda de reformas das autoridades. Apesar dos desafios gerados pela pandemia, a terceira avaliação concluiu que o desempenho do programa foi satisfatório.
Washington, DC. O Conselho de Administração do Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu a terceira e última avaliação ao abrigo do Instrumento de Coordenação de Políticas (PCI, na sigla em inglês) para Cabo Verde [1] . A decisão do Conselho de Administração foi tomada sem a realização de uma reunião formal [2] .
O PCI para Cabo Verde foi aprovado pelo Conselho de Administração em 15 de julho de 2019 ( Comunicado de Imprensa n.º 19/278 ). A sua execução apoiou os objetivos de médio prazo das autoridades de sustentabilidade orçamental e da dívida e de reformas mais gerais de promoção do crescimento ao abrigo do seu Plano Estratégico para o Desenvolvimento Sustentável (PEDS). As políticas e reformas dos últimos anos, até o início da pandemia, ajudaram a gerar um crescimento mais elevado, manter uma inflação baixa, melhorar as posições orçamental e externa e colocar o rácio entre a dívida pública e o PIB numa tendência decrescente.<0}
O desempenho ao abrigo do PCI manteve-se satisfatório durante todo o período do programa, apesar dos desafios criados pela pandemia de Covid-19. Todas as metas quantitativas para o final de setembro de 2020 e as metas contínuas não quantitativas foram cumpridas. Todas as metas de reforma previstas no PCI, à exceção de duas, foram alcançadas, a maioria antes da data prevista no programa. Registaram-se avanços importantes nas duas metas de reforma restantes, as quais deverão ser concluídas este ano.
A economia cabo-verdiana foi duramente atingida pela pandemia de Covid-19. Estima-se que tenha ocorrido uma queda de 14% na atividade económica em 2020 devido à recessão económica global, às restrições de viagens e às medidas internas de contenção que reduziram significativamente as atividades nos principais setores da economia. As políticas e as medidas de proteção social adotadas pelas autoridades estão a apoiar a economia e a ajudar os grupos mais vulneráveis a enfrentar o impacto da pandemia.
O plano de resposta à Covid-19 das autoridades recebeu apoio financeiro dos parceiros de desenvolvimento do país, incluindo o FMI através da Linha de Crédito Rápido ( Comunicado de Imprensa n.º 20/184 ) num total de 23,70 milhões de DSE (cerca de USD 32,3 milhões, 100% da quota).
O quadro orçamental subjacente ao orçamento de 2021 aborda os efeitos persistentes da pandemia, ao mesmo tempo que cria condições para a retomada de uma trajetória decrescente da dívida pública, após o aumento causado pelo impacto económico da pandemia.
As perspetivas económicas continuam a ser desafiadoras e incertas. O crescimento do PIB real deverá recuperar para 5,8% em 2021 e uma média de cerca de 6% a médio prazo. No entanto, existem riscos de deterioração significativos, sobretudo a evolução da pandemia e as suas ramificações globais.
Além disso, as perspetivas económicas dependem de alguns fatores-chave, incluindo: uma recuperação económica mundial firme; a retoma e o aumento do turismo e dos fluxos de capital para Cabo Verde; a execução dos grandes projetos de infraestruturas com financiamento externo que sofreram atrasos por causa da pandemia; a implementação decisiva de reformas estruturais, nomeadamente para reestruturar as empresas estatais e facilitar o acesso ao financiamento, sobretudo para as pequenas e médias empresas, e políticas de apoio à estabilidade macroeconómica.
Tabela 1. Cabo Verde: Indicadores económicos selecionados, 2018–26 |
|||||||||||
2018 |
2019 |
2020 |
2021 |
2022 |
2023 |
2024 |
2025 |
2026 |
|||
RN 20/297 |
Est. |
RN 20/297 |
Proj. |
Proj. |
|||||||
Contas nacionais e preços 1/ |
|||||||||||
PIB real |
4,5 |
5,7 |
-6,8 |
-14,0 |
4,5 |
5,8 |
6,0 |
6,1 |
6,1 |
6,2 |
6,2 |
Deflator do PIB |
1,5 |
0,6 |
1,1 |
0,9 |
1,2 |
1,2 |
1,4 |
1,5 |
1,6 |
1,8 |
1,9 |
Índice de preços no consumidor (média anual) |
1,3 |
1,1 |
1,0 |
0,6 |
1,2 |
1,2 |
1,4 |
1,5 |
1,6 |
1,7 |
1,7 |
Índice de preços no consumidor (fim do período) |
1,0 |
1,9 |
1,0 |
-0,9 |
1,2 |
1,2 |
1,4 |
1,5 |
1,6 |
1,7 |
1,7 |
Setor externo |
|||||||||||
Exportações de bens e serviços |
15,9 |
10,0 |
-47,3 |
-48,9 |
25,9 |
33,8 |
18,6 |
11,0 |
11,8 |
11,6 |
9,1 |
D/q: turismo |
10,0 |
8,6 |
-65,7 |
-64,3 |
32,5 |
36,4 |
28,1 |
16,5 |
17,4 |
9,3 |
9,9 |
Importações de bens e serviços |
8,7 |
2,0 |
-21,5 |
-23,7 |
5,1 |
11,2 |
7,6 |
5,5 |
6,4 |
9,4 |
6,3 |
Moeda e crédito |
|||||||||||
Ativos externos líquidos |
-2,1 |
7,8 |
-5,7 |
-5,1 |
-1,5 |
-0,6 |
-0,6 |
0,5 |
1,5 |
1,5 |
1,6 |
Ativos internos líquidos |
3,5 |
0,6 |
0,5 |
8,2 |
6,0 |
6,2 |
5,1 |
6,4 |
5,1 |
4,3 |
4,3 |
Crédito líquido sobre o governo central |
4,3 |
-4,8 |
1,2 |
1,4 |
1,2 |
0,7 |
0,4 |
0,6 |
0,3 |
0,1 |
0,1 |
Crédito à economia |
1,9 |
2,3 |
0,9 |
2,1 |
3,7 |
4,0 |
3,9 |
4,1 |
4,2 |
4,1 |
4,1 |
Massa monetária (M2) |
1,4 |
8,4 |
-5,2 |
3,1 |
4,5 |
5,6 |
4,5 |
6,9 |
6,5 |
5,8 |
5,9 |
Poupança e investimento |
|||||||||||
Poupança interna |
31,3 |
37,1 |
28,0 |
22,7 |
33,0 |
27,7 |
33,8 |
35,9 |
37,7 |
38,2 |
36,0 |
Pública |
2,0 |
0,1 |
-7,7 |
-6,6 |
-3,2 |
-2,5 |
-0,1 |
2,7 |
3,7 |
3,9 |
4,2 |
Privada |
29,3 |
37,0 |
35,7 |
29,3 |
36,2 |
30,2 |
33,8 |
33,2 |
34,0 |
34,3 |
31,8 |
Investimento nacional |
36,5 |
37,5 |
42,2 |
36,5 |
42,2 |
38,2 |
40,1 |
40,6 |
41,0 |
41,0 |
38,7 |
Público |
4,4 |
3,9 |
3,8 |
2,7 |
5,0 |
5,3 |
4,0 |
4,0 |
4,0 |
4,0 |
4,0 |
Privado |
32,1 |
33,6 |
38,4 |
33,9 |
37,2 |
32,9 |
36,1 |
36,6 |
37,0 |
37,0 |
34,7 |
Saldo poupança-investimento |
-5,2 |
-0,4 |
-14,2 |
-13,8 |
-9,2 |
-10,6 |
-6,4 |
-4,7 |
-3,3 |
-2,8 |
-2,6 |
Público |
-2,4 |
-3,8 |
-11,5 |
-9,2 |
-8,2 |
-7,9 |
-4,1 |
-1,3 |
-0,3 |
-0,1 |
0,2 |
Privado |
-2,8 |
3,4 |
-2,7 |
-4,6 |
-1,0 |
-2,7 |
-2,3 |
-3,4 |
-3,0 |
-2,7 |
-2,9 |
Setor externo |
|||||||||||
Balança corrente externa (incl. transferências oficiais) |
-5,2 |
-0,4 |
-14,2 |
-13,8 |
-9,2 |
-10,6 |
-6,4 |
-4,7 |
-3,3 |
-2,8 |
-2,6 |
Balança corrente externa (excl. transferências oficiais) |
-8,0 |
-3,4 |
-18,6 |
-17,4 |
-13,6 |
-13,1 |
-9,7 |
-7,1 |
-5,3 |
-4,7 |
-3,7 |
Balança de pagamentos global |
0,5 |
7,4 |
-5,4 |
-5,1 |
-0,7 |
0,1 |
0,0 |
0,6 |
1,6 |
1,6 |
1,6 |
Reservas internacionais brutas (meses de importações projetadas |
5,5 |
9,0 |
7,3 |
7,2 |
6,7 |
6,7 |
6,3 |
6,1 |
5,9 |
5,8 |
5,8 |
de bens e serviços) |
|||||||||||
Finanças públicas |
|||||||||||
Receitas |
28,2 |
29,4 |
29,2 |
25,8 |
29,2 |
29,7 |
30,9 |
30,8 |
31,0 |
31,1 |
31,4 |
Receitas fiscais e não fiscais |
26,8 |
26,2 |
24,5 |
22,8 |
25,6 |
27,5 |
28,8 |
29,6 |
29,8 |
29,9 |
30,2 |
Donativos |
1,4 |
3,2 |
4,7 |
3,1 |
3,6 |
2,2 |
2,1 |
1,2 |
1,2 |
1,2 |
1,2 |
Despesas |
30,9 |
31,2 |
38,8 |
34,7 |
35,8 |
37,6 |
34,6 |
32,5 |
31,7 |
31,4 |
31,3 |
Saldo primário |
-0,1 |
0,7 |
-7,0 |
-6,0 |
-3,8 |
-5,2 |
-0,7 |
1,0 |
1,9 |
2,2 |
2,4 |
Saldo global (incl. donativos) |
-2,7 |
-1,8 |
-9,7 |
-8,9 |
-6,6 |
-7,9 |
-3,6 |
-1,7 |
-0,7 |
-0,3 |
0,1 |
Outros passivos líquidos (incl. retrocessão) |
-1,0 |
-3,3 |
-2,5 |
-1,1 |
0,2 |
0,3 |
-0,2 |
-0,2 |
-0,2 |
-0,2 |
-0,2 |
Financiamento total (incl. retrocessão e capitalização) |
2,9 |
5,1 |
12,1 |
9,1 |
6,4 |
7,6 |
3,8 |
2,0 |
0,9 |
0,5 |
0,2 |
Crédito interno líquido |
1,4 |
1,4 |
2,6 |
3,0 |
2,2 |
1,5 |
0,8 |
1,3 |
0,5 |
0,2 |
0,2 |
Financiamento externo líquido |
1,5 |
3,6 |
9,5 |
6,1 |
4,2 |
6,1 |
3,0 |
0,6 |
0,3 |
0,3 |
0,0 |
Stock e serviço da dívida pública |
|||||||||||
Total da dívida pública nominal |
124,7 |
125,0 |
137,5 |
140,9 |
134,8 |
138,7 |
132,0 |
124,2 |
115,8 |
107,4 |
98,9 |
Dívida pública externa |
91,4 |
91,4 |
97,0 |
97,6 |
93,8 |
97,3 |
93,0 |
86,8 |
80,8 |
75,1 |
69,3 |
Dívida pública interna |
33,3 |
33,5 |
40,5 |
43,4 |
41,0 |
41,4 |
39,1 |
37,4 |
35,0 |
32,3 |
29,6 |
Serviço da dívida externa (% das exportações de bens e serviços) |
5,9 |
5,4 |
12,5 |
14,5 |
13,4 |
9,5 |
13,4 |
12,6 |
11,5 |
10,4 |
10,2 |
Valor atual da dívida externa PGP |
|||||||||||
Percentagem do PIB (limiar de risco: 55%) |
60,6 |
60,8 |
69,2 |
74,2 |
65,8 |
70,8 |
67,4 |
63,3 |
59,2 |
55,5 |
51,7 |
Percentagem das exportações (limiar de risco: 240%) |
123,8 |
119,9 |
244,3 |
249,2 |
194,8 |
193,3 |
166,0 |
150,7 |
135,8 |
123,4 |
114,0 |
Valor atual do total da dívida |
|||||||||||
Percentagem do PIB (referência: 70%) |
96,0 |
94,3 |
107,7 |
113,0 |
106,5 |
111,6 |
106,4 |
100,6 |
94,2 |
87,8 |
81,3 |
Por memória: |
|||||||||||
PIB nominal (mil milhões de escudos cabo-verdianos) |
183,7 |
195,2 |
183,9 |
169,3 |
194,4 |
181,3 |
194,7 |
209,5 |
225,9 |
244,2 |
264,3 |
Reservas internacionais brutas (milhões de euros, fim de período) |
531,9 |
663,4 |
573,2 |
583,9 |
561,0 |
586,6 |
587,1 |
598,1 |
631,6 |
667,4 |
706,8 |
Fontes: Autoridades cabo-verdianas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI. |
|||||||||||
1/ O escudo cabo-verdiano está indexado ao euro desde 1999, à taxa de 110,265 CVE/€. |
[1] O PCI está disponível para todos os países membros do FMI que não necessitam de recursos financeiros do Fundo aquando da aprovação. Foi concebido para países que pretendem demonstrar o seu compromisso para com uma agenda de reformas ou para desbloquear e coordenar o financiamento de outros credores oficiais ou investidores privados. (cf. https://www.imf.org/en/About/Factsheets/Sheets/2017/07/25/policy-coordination-instrument ).
[2] O Conselho de Administração toma decisões por decurso de prazo quando considera que uma proposta pode ser analisada sem a necessidade de convocar discussões formais.
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